terça-feira, 7 de maio de 2019

Weintraub sequestrador do ensino


O ministro da Educação Abraham Weintraub sequestrou o ensino brasileiro e está cobrando a reforma da previdência como resgate. Realizar um corte em um orçamento já aprovado em pleno meio de semestre é injustificável. Se o ministro precisasse reduzir os custos com o ensino, ele poderia fazer no planejamento orçamentário para o próximo período.

O corte nas verbas para o ensino só é justificado pela estratégia de aprovar a reforma da previdência. O próprio ministro e o general Mourão revelaram a estratégia ao condicionar a retomada nas verbas para o ensino ao crescimento econômico com a aprovação da reforma da previdência.

No dia 7 de maio, durante participação na Comissão de Educação no Senado, Weintraub disse: “Não houve corte, há um contingenciamento. Se a economia tiver um crescimento com aprovação da nova Previdência, se retomarmos a dinâmica de arrecadação, revertemos. Precisamos cumprir a lei de responsabilidade fiscal”.  É a admissão do sequestro vinda da boca do próprio sequestrador.

Apesar de titubear em alguns momentos, o governo Bolsonaro deseja aprovar a reforma da previdência. Mesmo com o presidente receoso e não mostrando sinais de estar convencido e apenhado com a ideia, o discurso geral do governo é aprovar a reforma. Quando um ministro da Educação tem mais a ver com a área econômica do que com o ensino e parecer mais engajado com o projeto da previdência, é um sinal claro dos interesses governamentais.

Entretanto, Bolsonaro e sua equipe falharam ao convencer a população a apoiar a aprovação da reforma. Mesmo com a grande mídia se negando a questionar os dados apresentados por Paulo Guedes e pressupostos duvidosos como a geração de empregos, a população parece calejada por eventos recentes e titubeia com promessas mirabolantes de políticos.

Com roteiro parecido ao da reforma da previdência, a reforma trabalhista de Michel Temer prometia retirada de direitos em troca de geração de empregos. O que ocorreu foi justamente o contrário. Os trabalhadores perderam direitos e a taxa de desemprego subiu no primeiro trimestre de 2019, atingindo 12,4% da população segundo dados do IBGE.

Para agravar a desconfiança e insegurança da população com a previdência, os dados e número apresentados por Paulo Guedes são frágeis e duvidosos. Em entrevistas, o ministro parece dizer números aleatórios para geração de emprego, passando um ar fictício e pouco convincente para os mais críticos.

Se os cálculos do ministro forem baseados no Power Point divulgado pelo governo como estudo oficial governamental que endossa a reforma, a desconfiança da população fica ainda mais justificável.

Já que os métodos convencionais estão fracassando e os eleitores não elegeram Bolsonaro para fazer a reforma da previdência, o governo optou pela adoção do “método da dor” para persuadir pela força a população.

O governo sabe que a educação é uma temática sensível ao povo brasileiro, ficando ainda mais evidente com os protestos ao anúncio de Weintraub referente aos cortes por balbúrdia na UFF, UFBA e UnB. Os protestos da população foram o sinal inequívoco para o governo que haveria uma forma de convencer a população a apoiar a reforma previdência. Bastava expandir os cortes para todo o ensino que a população iria reagir. E foi exatamente o que aconteceu.

A população ficou desesperada com a medida de Weintraub e acusou o golpe como previsto pelo governo. Desorientada e pouco articulada, a população tende a pagar o preço do resgate para ter de volta a tão necessária educação.

Entretanto, para a maioria dos casos de sequestro, o final nunca é positivo para o sequestrador. Se não ocorrer nenhum caso de Síndrome de Estocolmo, o governo poderá pagar um alto preço por ter ameaçado a população da forma tão violenta e cruel.


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