O
ministro da Educação Abraham Weintraub sequestrou o ensino brasileiro e está
cobrando a reforma da previdência como resgate. Realizar um corte em um
orçamento já aprovado em pleno meio de semestre é injustificável. Se o ministro
precisasse reduzir os custos com o ensino, ele poderia fazer no planejamento
orçamentário para o próximo período.
O
corte nas verbas para o ensino só é justificado pela estratégia de aprovar a
reforma da previdência. O próprio ministro e o general Mourão revelaram a
estratégia ao condicionar a retomada nas verbas para o ensino ao crescimento
econômico com a aprovação da reforma da previdência.
No
dia 7 de maio, durante participação na Comissão de Educação no Senado, Weintraub
disse: “Não houve corte, há um contingenciamento. Se a economia tiver um
crescimento com aprovação da nova Previdência, se retomarmos a dinâmica de
arrecadação, revertemos. Precisamos cumprir a lei de responsabilidade fiscal”. É a admissão do sequestro vinda da boca do
próprio sequestrador.
Apesar
de titubear em alguns momentos, o governo Bolsonaro deseja aprovar a reforma da
previdência. Mesmo com o presidente receoso e não mostrando sinais de estar
convencido e apenhado com a ideia, o discurso geral do governo é aprovar a reforma.
Quando um ministro da Educação tem mais a ver com a área econômica do que com o
ensino e parecer mais engajado com o projeto da previdência, é um sinal claro
dos interesses governamentais.
Entretanto,
Bolsonaro e sua equipe falharam ao convencer a população a apoiar a aprovação
da reforma. Mesmo com a grande mídia se negando a questionar os dados
apresentados por Paulo Guedes e pressupostos duvidosos como a geração de
empregos, a população parece calejada por eventos recentes e titubeia com
promessas mirabolantes de políticos.
Com
roteiro parecido ao da reforma da previdência, a reforma trabalhista de Michel
Temer prometia retirada de direitos em troca de geração de empregos. O que
ocorreu foi justamente o contrário. Os trabalhadores perderam direitos e a taxa
de desemprego subiu no primeiro trimestre de 2019, atingindo 12,4% da população
segundo dados do IBGE.
Para
agravar a desconfiança e insegurança da população com a previdência, os dados e
número apresentados por Paulo Guedes são frágeis e duvidosos. Em entrevistas, o
ministro parece dizer números aleatórios para geração de emprego, passando um
ar fictício e pouco convincente para os mais críticos.
Se
os cálculos do ministro forem baseados no Power Point divulgado pelo governo
como estudo oficial governamental que endossa a reforma, a desconfiança da
população fica ainda mais justificável.
Já
que os métodos convencionais estão fracassando e os eleitores não elegeram
Bolsonaro para fazer a reforma da previdência, o governo optou pela adoção do “método
da dor” para persuadir pela força a população.
O
governo sabe que a educação é uma temática sensível ao povo brasileiro, ficando
ainda mais evidente com os protestos ao anúncio de Weintraub referente aos
cortes por balbúrdia na UFF, UFBA e UnB. Os protestos da população foram o
sinal inequívoco para o governo que haveria uma forma de convencer a população
a apoiar a reforma previdência. Bastava expandir os cortes para todo o ensino
que a população iria reagir. E foi exatamente o que aconteceu.
A
população ficou desesperada com a medida de Weintraub e acusou o golpe como
previsto pelo governo. Desorientada e pouco articulada, a população tende a
pagar o preço do resgate para ter de volta a tão necessária educação.
Entretanto,
para a maioria dos casos de sequestro, o final nunca é positivo para o sequestrador.
Se não ocorrer nenhum caso de Síndrome de Estocolmo, o governo poderá pagar um
alto preço por ter ameaçado a população da forma tão violenta e cruel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário