O conceito da
pós-modernidade é pouco familiar para as pessoas no geral. Para entender o
conceito, é necessária uma volta ao feudalismo para entender a evolução das
relações entre o indivíduo e o ambiente.
Durante o feudalismo, o
local de nascimento de um indivíduo determinava todo o futuro da pessoa. Se um
indivíduo nascesse em uma família de servos camponeses, ele seria um servo
camponês. Da mesma forma, se um indivíduo fosse filho de nobres, ele seria
também um nobre. Portanto, havia uma forte relação entre indivíduo e local de
nascimento, pois toda a história de vida de uma pessoa já era determinada antes
mesmo dela nascer.
Quando a modernidade surge,
surge também a burguesia e, apesar de haver movimentação social, o local de
nascimento também era determinante para o futuro do indivíduo. Se um indivíduo
nascesse em uma família de médicos, ele obrigatoriamente também iria seguir a
carreira médica. Da mesma forma, religião, casamento e costumes também eram
determinados pelo local de nascimento.
Com a pós-modernidade,
tal relação é quebrada. O indivíduo pós-moderno tem total liberdade para
escolher o seu futuro. Se antes o caminho a ser seguido já era definido antes
mesmo do nascimento, na pós-modernidade, o caminho só é conhecido após o
nascimento do indivíduo. Alguém que nasceu em uma família de professores poderá
ser professor se assim escolher, como também poderá ser advogado. Alguém que
nasceu em uma família de católicos, poderá ser católico ou não ter religião.
Portanto, as relações
começam a ser fragilizadas e surge a dor da escolha. Se o indivíduo é livre
para escolher, ao tomar sua decisão, ele estará negando todas as outras
possibilidades. Sem a referência da conexão com o local de nascimento, surge a
dúvida se a escolha feita é de fato a escolha certa. Porém, como as relações
são superficiais, mesmo após a escolha ser feita, ela pode ser mudada.
A superficialidade das
relações acaba caracterizando o indivíduo pós-moderno como sendo alguém do “estar”
em detrimento do “ser”. A condição de “estar” caracteriza algo temporário, pois
nada é definitivo e profundo, ao contrário do “ser” que é uma definição mais
concreta.
De tal modo, o
indivíduo pós-moderno não “é” casado com o seu cônjuge, ele “está” casado.
Portanto, há a possibilidade da relação matrimonial ser desfeita. Da mesma
forma, as relações laborais e qualquer outra relação.
Um exemplo da
superficialidade das relações é o consumo. O consumo passa ser instantâneo e
corriqueiro. Não existe mais tempo para aproveitar a compra realizada porque o
produto já ficou obsoleto e precisa ser trocado.
No mundo pós-moderno,
tudo fica velho e precisa ser trocado rapidamente, inclusive o trabalho.
Hoje em dia, poucos
trabalhadores possuem perspectiva de fazer carreira dentro de uma única empresa,
mas a empresa também não possui muito interesse em manter um trabalhador por
muito tempo em suas instalações. Na verdade, quanto menos pessoas trabalhando e
mais enxuta for uma organização, melhor.
Quanto mais prédio,
mais máquinas e mais trabalhadores, mais conexão a organização possui com o
local de sua instalação. Quanto mais conexão e profundidade, mais dificuldade
existe em mudar de local caso o capital decida trocar de localização.
Fábricas com milhares
de funcionários e grandes estruturas prediais como as da Ford nos anos 30 são
impensáveis nos dias atuais. O capital precisa ter liberdade para percorrer
fronteiras sem qualquer tipo de passaporte.