Agora que é presidente,
as ações de Bolsonaro ganham destaque e o seu desprezo ganha corpo com o seu
projeto de destruição da República. Bolsonaro despreza a República e as suas instituições.
Tudo o que é público, o presidente enxerga como sendo desnecessário, um empecilho
para a vida do cidadão, e, portanto, deve ser destruído.
O raciocínio de Bolsonaro
pode ser descrito da seguinte forma: para que servem as leis de trânsito se não
apenas como instrumentos para tirar dinheiro da população? Para que devo seguir
as liturgias do cargo de presidente se fui eleito por ser um bravateiro? Para
que devo ouvir as universidades públicas se meu guru estudou até o quarto ano
primário? Para que devo me submeter ao Legislativo se eu fui eleito pelo povo?
Infelizmente, o pensamento
presidencial encontra eco em seus apoiadores que não conseguem entender o papel
da República e acabam nutrindo o mesmo sentimento de desprezo que Bolsonaro
possui.
O cenário que já era
bastante ruim, com alto risco de entrarmos em uma anomia social, piorou com a
chegada do coronavírus. O desprezo de Bolsonaro pelas instituições republicanas
foi estendido para a vida dos próprios brasileiros.
Contrariando todas as
boas práticas internacionais de isolamento, Bolsonaro iniciou uma campanha
contra a medida, politizando a situação e jogando seus apoiadores contra os
governadores. O presidente não acredita que o estado e as instituições responsáveis
podem ser agentes atenuadores da crise porque ele mesmo não acredita nos órgãos
que atestam os impactos da doença. É o desprezo de Bolsonaro falando por ele
porque o presidente simplesmente despreza tudo sobre o assunto que não venha de
sua cabeça.
Em entrevista exclusiva concedida
hoje, dia 27 de março de 2020, ao apresentador Datena, Bolsonaro disse não
acreditar no número de mortos, desprezando os dados oficiais do próprio governo.
Um pouco antes da entrevista, Bolsonaro já havia defendido o chamado “isolamento
parcial” mesmo não possuindo nenhum dado científico ou estudo técnico para
embasar a sua defesa.
Ao desprezar aqueles que
entendem realmente do assunto, Bolsonaro mostra um enorme desprezo pela vida
dos brasileiros. Infelizmente, leitor, o nosso presidente não se importa
conosco. Se você duvida de mim, copio trecho da fala presidencial na mesma
entrevista concedida a Datena que foi mencionada linhas acima: “alguns vão
morrer, vão morrer, lamento, é a vida”.
O elemento máximo da
república é o público, ou seja, o povo. Ao desprezar a vida dos brasileiros,
Bolsonaro mostra o seu máximo desprezo com a República que governa.
O desprezo com as
liturgias do cargo, aplaudidas pelos seus apoiadores insensatos, permitiu que o
presidente quebrasse a liturgia mais importante do cargo presidencial que é
zelar pelo bem-estar do seu povo.
Bolsonaro não foi
impedido e nem enquadrado quando começou a desrespeitar e a destruir a República.
Era inevitável que um dia ele acabaria atingindo a população com a sua
destruição. Bolsonaro é responsável por cada cadáver decorrente do coronavírus
no Brasil e, se você o apoia nessas decisões, você é cúmplice.