quinta-feira, 9 de maio de 2019

O governo é um BBB

O governo Bolsonaro virou um verdadeiro Big Brother Brasil. Durante 24 horas por dia e sete dias por semana, polêmicas e mais polêmicas tomam as manchetes dos jornais, blogs, vídeos no YouTube, memes e afins. Não existe mais privacidade no governo e as redes sociais se transformaram no confessionário onde reputações são expostas e roupa suja fica ainda mais suja.

No gabinete mais vigiado do Brasil, dois grupos disputam a liderança e a preferência do público. De um lado, o grupo olavista comandando pelo guru presidencial Olavo de Carvalho e seus seguidores que incluem ministros e filhos do presidente. Do outro lado, militaristas liderados pelo vice-presidente Mourão.

Observando tudo com olhos atentos, o big boss Bolsonaro trabalha para manter os níveis de audiência de seu governo que começam a apresentar quedas no horário nobre.

A mais nova polêmica entre os grupos envolveu o líder Olavo de Carvalho com o vice-líder militarista, o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo. O general vem sofrendo ataques coordenados dos olavistas Carlos Bolsonaro e do próprio Olavo, incitando seus seguidores nas redes sociais a endossarem o repúdio a Santos Cruz. O ministro disse a Bolsonaro que há um ataque coordenado contra ele e que não passará pelo constrangimento passado pelo eliminado Gustavo Bebianno. Santos Cruz suspeita que o big boss seja o incentivador dos ataques.

A suspeita do ministro tem fundamento porque Bolsonaro desautorizou indiretamente Santos Cruz pelo Twitter. O ato de Bolsonaro foi suficiente para inflamar a ala olavista que age para reduzir o poder dos militaristas no governo. Carlos Bolsonaro, um dos olavistas, criticou publicamente a estratégia de comunicação governamental adotada por Santos Cruz e deflagrou uma crise envolvendo o general Mourão, fritando publicamente dois dos principais membros da ala militarista.

No atual momento do jogo, Bolsonaro parece mais simpático com o grupo olavista. O presidente tem demonstrado incômodo com o grupo militarista por uma possível tentativa de surrupiar o cargo de big boss da presidência e tutelar os destinos do programa.

A simpatia de Bolsonaro aos olavistas tem sido vista como omissão por militares que deram o recado pelo mais respeitado general da reserva, o general Eduardo Villas Bôas. Villas Boas disse que Olavo é desprovido de princípios e não promove soluções concretas para o país além de dizer que rebater o guru de Bolsonaro seria dar importância a ele.

Por sua vez, para manter alta a audiência do gabinete mais vigiado do Brasil, Olavo disse que os militares estão se escondendo atrás de Villas Bôas, referindo-se a ele como um “doente em uma cadeira de rodas”. O comentário provocou repúdio em senadores que saíram em defesa do general. Lasier Martins (Podemos), Luiz Carlos Heinze (PP) e Paulo Paim (PT) assinaram um documento em favor do general.

O atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM) também se manifestou contra Olavo de Carvalho ao prestar solidariedade ao ministro Santos Cruz. Outro senador, o Major Olímpio (PSL), defendeu a ala militar e pediu para que Olavo não seja associado ao PSL.

O público, por sua vez, acompanha consternado o reality show governamental, buscando explicações para a situação que está ocorrendo. Em socorro do público, a imprensa especializada tenta explicar o inexplicável e demonstra cada vez mais que não faz a mínima ideia do que está dizendo.

A verdade sobre o BBB da presidência é que ele deve ser assistido da mesma forma que a vida deve ser vivida na ótica de Albert Camus. Segundo Camus, a vida vai ser melhor se a vivermos sem buscarmos um sentido. É possível que o conselho de Camus seja utilizado para entendermos o governo Bolsonaro.

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