Bolsonaro é incapaz de
presidir o país e ser o líder que a nação precisa no momento porque ele é o
presidente das pequenas coisas. O que importa para ele é a preocupação do cidadão-médio
porque ele é o retrato do brasileiro-médio.
Desde que assumiu à
presidência, Bolsonaro mostrou mais preocupação com radares nas estradas,
multas ambientais, cadeirinha nos carros e outras insignificâncias do que com
políticas econômicas, políticas sociais e políticas internacionais. Assuntos de
elevada grandeza passam longe da preferência presidencial porque passam longe
do cotidiano de entendimento do grupo do brasileiro-médio que Bolsonaro faz
parte.
Na verdade, Bolsonaro não
se interessa porque ele simplesmente não entende. O brasileiro-médio não
entende como uma política de redução da desigualdade social afeta sua vida, mas
entende e percebe os impactos dos radares nas estradas quando a multa por
excesso de velocidade chega em sua casa. Por isso que Bolsonaro se concentra
tanto com assuntos irrelevantes: são os únicos que ele compreende.
Diante de uma enorme
crise social e econômica, Bolsonaro não sabe o que fazer e muito menos como
agir.
A única forma que Bolsonaro
conhece para fazer política é o confronto. Bolsonaro sempre cresceu no
confronto, seja com Jean Wyllys, Maria do Rosário e imprensa. Mas no atual
momento, optar pelo embate, menosprezando o tamanho da crise, politizando a
situação e chamando seus apoiadores para fazerem um panelaço fracassado, foi a
pior decisão possível.
Sem ações concretas e
mostrando despreparo até para colocar uma mascara cirúrgica, Bolsonaro mostrou para
a população que ela está sem liderança e abandonada à sua própria sorte. Não
chega a ser surpresa o descontentamento exibido na forma de panelaços contra o
governo nos últimos dias.
Nunca pensei que Bolsonaro
pudesse deixar o governo por outro caminho sem ser pela renúncia. Entretanto,
vendo a situação atual, começo a acreditar em uma possível queda presidencial.
O mercado financeiro já
aponta uma recessão brasileira em 2020. Se a previsão
se confirmar, haverá um possível aumento no desemprego e muita dificuldade para
a população nacional.
Para piorar, se pandemia
não for controlada, é possível termos um cenário de total desespero com uma
quantidade considerável de mortos. Em seu vigésimo dia no Brasil, o coronavírus
infectou mais pessoas do que na Itália, o país que mais sofreu no mundo com a
doença após a China.
Essa combinação de crise
econômica, desemprego, crise na saúde pública, pessoas doentes e mortes de
familiares criaria uma revolta popular insustentável para Bolsonaro. Nessa
situação, as pessoas querem respostas de um líder e, se esse líder não for o
atual presidente, elas irão tirá-lo.
O povo não gosta de
presidentes que menosprezam e desdenham de suas preocupações como Bolsonaro fez
com a pandemia do coronavírus. A população se sente abandonada porque pensa que
Bolsonaro não se importa por poder viver em um palácio guardado e isolado
enquanto ela vive no hostil ambiente largada a sua própria sorte.
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