segunda-feira, 23 de março de 2020

A idiotice da esquerda

Começo meu texto de modo provocativo para chamar sua atenção, mas você sabe que não estou falando de toda a esquerda, apenas de uma parte. Talvez, uma parte grande. Mas precisamos discutir a idiotice da esquerda com a crise do coronavírus.

Parece que depois de tanto tempo, uma parte da esquerda ainda não entendeu o jogo de Bolsonaro e caí como um patinho na retórica bolsonarista.

Bolsonaro não fez, não faz e não fará ideia de como combater a crise do coronavírus. Ele é despreparado para um assunto de tamanha importância e grandeza. É o presidente das pequenas coisas. É o presidente do brasileiro-médio que se importa somente com o que é visível e factível no cotidiano.

Sem saber como agir, Bolsonaro optou pelo conflito, seu porto seguro, e partiu para a ofensiva contra imprensa, governadores e políticos. Bolsonaro politizou o combate ao coronavírus e adotou uma postura muita clara pró-economia.

O presidente sabe que as revoltas populares podem ser contidas se a economia ir bem. Portanto, manter a atividade econômica e reduzir os impactos de uma provável recessão, é questão de vida e morte para Bolsonaro. Com a economia tendo perdas pequenas, a elite do empresariado nacional ficará descontente, mas não o bastante para se voltar contra o presidente.

Os bolsonaristas compreenderam bem o recado e adotaram discursos pró-economia, dizendo que os impactos econômicos são muito piores do que os impactos sociais. Também é uma forma de Bolsonaro e seus apoiadores de combaterem desafetos políticos do presidente que adotaram medidas de isolamento em seus estados, como João Doria e Wilson Witzel.

Como Bolsonaro está do lado da economia, obviamente os detratores presidenciais precisam ficar do lado oposto e partem para defenderem as políticas de isolamento. Entramos então em um cenário político da crise do coronavírus: economia contra isolamento. Um cenário estúpido que nada ajuda no enfrentamento da crise.

A direita erra ao menosprezar o risco de contaminação e mortalidade da doença. É cômico ouvir Roberto Justo, um idoso do grupo de risco, desdenhar um vírus que pode mata-lo. Porém, a esquerda erra ao não se atentar ao grave problema econômico que a pandemia pode causar com altíssima recessão e desemprego.

O problema da esquerda é não perceber que os efeitos da crise econômica demorarão mais para passar do que os efeitos da doença. O vírus passa, a crise fica e a esquerda ainda sai como vilã.

O CEO do Grupo Martins, Flávio Martins, disse em live transmitida pela XP Investimentos que os impactos do coronavírus serão muito maiores na economia do que na saúde brasileira. Não gosto desse tipo de argumento e é necessário tomar muito cuidado para evitar o desdém com a vida das pessoas.

O desastre do coronavírus será tanto social quanto econômico. É muito fácil desdenhar dos números de mortalidade como se a população fosse medida apenas pelas porcentagens. Não interesse que apenas 0,1% da população vá morrer em decorrência do coronavírus, pois se um parente fizer parte dessa estatística será devastador para mim e para a minha família.

Não é o momento de colocar em uma balança a perspectiva econômica e do outro a perspectiva social. É extremamente precipitado fazer tal ponderação em um momento inicial da contaminação no Brasil. Não sabemos como o vírus irá se comportar em um país com favelas, tuberculose, malária e com 50% da população sem coleta de esgoto.

O pior cenário para a esquerda e o melhor para Bolsonaro é justamente a politização da crise entre uma retórica de esquerda contra direita nas medidas a serem tomadas para combater a propagação do vírus. Se a esquerda não perceber isso a tempo, será tarde.

O bolsonarismo joga pesado na desinformação e na retórica das meias verdades. Eles são profissionais na prática de disseminação de material que alimente a burrice e a cegueira de seus membros.

Bolsonaro sabe que os impactos sociais e econômicos serão inevitáveis. Para reduzir os danos a sua imagem, ele tenta jogar a culpa da economia nos governadores, na imprensa e nos adversários.

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