quinta-feira, 9 de abril de 2015

O que fazer com a Amazônia?

Desde muito cedo o brasileiro aprende que a Amazônia é um patrimônio nacional. Ele aprende a importância dos rios, da floresta e de todo o ecossistema com riqueza incalculável. O brasileiro é educado a se revoltar a qualquer tentativa de países estrangeiros de dizerem que a Amazônia é um patrimônio global e fica revoltado com histórias de organizações estrangeiras que vieram, exploraram e patentearam substâncias brasileiras e as comercializam sem render um centavo para o Brasil. Porém, o brasileiro, apesar de todo o sentimento de posse, não é educado para responder a uma pergunta muito simples: o que fazer com a Amazônia?

Na verdade, o Brasil não sabe ao certo o que fazer com a Amazônia; é como se fosse um exame periódico de rotina que todos sabem a necessidade, mas não dão importância. Os países estrangeiros sempre tiveram muito mais interesse na floresta do que o próprio brasileiro. A primeira expedição exploratória da Amazônia foi feita pela Espanha, a segunda por Portugal e outras várias de países estrangeiros em busca de substâncias nativas, como o chamado "Pau-rosa", utilizado pela Chanel em seu perfume mais o conhecido, o Chanel Nº 5.

Com fim do ciclo da borracha no início do século XX, período áureo da região, fazendo Manaus ficar conhecida na época de "Paris dos trópicos", a Amazônia perdeu grande parte de sua relevância econômica. Um fato curioso sobre o ciclo borracha foi como ocorreu o seu fim: o primeiro caso de biopirataria da história, quando sementes da seringueira foram contrabandeadas para países asiáticos onde a plantação encontrou as condições ideais para um regime intensivo. Desde o fim do ciclo da borracha, a Amazônia busca uma forma de reencontrar a sua exuberância econômica.

Com solo pobre de nutrientes e várias áreas alagadas onde o nível da água sobe tanto que inviabiliza até mesmo o plantio de arroz, a região é péssima para grandes produções agrícolas. Uma alternativa econômica seria a pecuária, porém, para haver as pastagens necessárias para o gado, a floresta precisaria ser derrubada e leis ambientais proíbem tal ação. Sem agricultura e pecuária, a floresta precisa ser de alguma forma, dentro da legalidade, explorada.

Como as atividades de exploração legal são escassas, uma alternativa que surge é atividade ilegal, as quais prejudicam o ecossistema e ferem a reputação internacional do país. Infelizmente, sem uma alternativa econômica, a floresta acaba rendendo mais "deitada" do que em "pé". Por essa razão, uma das formas de preservar a Amazônia é criando alternativas econômicas para que ela seja mais interessante "em pé".

Uma das formas seria desenvolvendo o turismo local. Entretanto, mesmo com um potencial, a região carece de estrutura para atender o turista. Para desenvolver o turismo, a demanda exerceria um papel fundamental com consumidores exigindo melhores serviços, porém, a história ensinou que os brasileiros não possuem o mesmo interesse pela Amazônia que os estrangeiros, por isso não é do costume do turista brasileiro viajar para a região.

Felizmente, as autoridades parecem estar abrindo os olhos para tal potencial. A construção da Arena Amazônia para a Copa do Mundo exerceu um papel fundamental para colocar a Amazônia no radar do turismo. Considerada por muitos como um "elefante branco", pois o futebol amazonense é fraco e nenhum time local teria condições de colocar um bom publico regularmente no estádio, a arena não pode ser vista como tal.

O papel da Arena Amazônia foi muito além de sediar jogos da Copa do Mundo: com a escolha de Manaus como sede do evento, o Brasil colocou holofotes para a região. O país mostrou para o mundo, para si mesmo e para o próprio Estado do Amazonas que o turismo é uma atividade possível e rentável. O "elefante branco" poderá ser no futuro o símbolo da preservação da floresta, pois mostrou uma alternativa rentável para manter a Amazônia em pé. Se conseguirá ser, só tempo irá dizer.



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