quinta-feira, 23 de abril de 2015

Burocracia: ruim ou necessária?

Quando uma pessoa escuta a palavra "burocracia", provavelmente, um sentimento de desânimo instaura-se em seu corpo. A conotação da palavra é das mais negativas e uma rápida associação com papelório, demora, filas e procedimentos técnicos surge na mente da pessoa. Entretanto, por mais negativa que a burocracia possa parecer, ela é boa e fundamental para a existência das organizações.

A conotação negativa existe pois, muitas pessoas desconhecem a origem da burocracia e seus principais objetivos. A origem da burocracia surgiu com o sociólogo prussiano Max Weber. Ao analisar a sociedade da época, Weber percebeu que a obediência das pessoas estava fundamentada na aceitação das normas e dos quadros administrativos. Tal percepção era contrastante com as outras formas de obediências aceitas até então: a tradicional e a carismática.

A obediência tradicional, representada pela figura do líder tradicional, é uma forma irracional de respeito, as pessoas seguem o líder tradicional, pois "sempre foi assim" e não possuem a opção de mudar. Geralmente, a liderança tradicional está na família, em organizações familiares e hereditárias. Por essa razão, nem sempre o líder tradicional é o mais adequado para o posto, as pessoas o aceitam pela figura que ele representa, mas não por suas capacidades.

Da mesma forma, a liderança carismática também é irracional. As pessoas seguem o líder carismáticos por sua capacidade de cativar e muito pelo dom da palavra. Lula, Fidel Castro, Jesus Cristo e Hitler são exemplos de líderes carismáticos. O líder carismático tem um alto poder de influência sobre os seus liderados, os quais o seguem em um misto de obediência e admiração.

A obediência, pautada em normas e chamada de liderança burocrática, percebida por Max Weber, difere totalmente dos outros dois tipos de liderança. Agora, as pessoas aceitam o seu líder não pela pessoa que ele é, mas sim pelo cargo que ele ocupa. Dessa forma, a liderança burocrática é impessoal e independe do grau de parentesco com o dono da empresa ou da habilidade com a fala, ela irá depender da posição na hierarquia do cargo. Por essa razão, o respeito deixa de residir na pessoa e passa a ser pelo cargo ocupado.

A impessoalidade descrita por Max Weber soou interessante para as organizações que passaram a adotar procedimentos para impessoalizar certos aspectos da organização. A busca das organizações era melhorar a rapidez das decisões, redução do nível de atrito, aumentar a confiabilidade, ter uniformidade nas rotinas e precisão nas definições. Dessa forma, surgiram as normas formalizadas, a comunicação formalizada, rotinas e procedimentos formalizados, especialização da administração, previsibilidade do funcionamento e a hierarquização da autoridade.

Todos esses atributos foram aplicados com o intuito de ter maior previsibilidade do comportamento humano e padronizar o desempenho dos funcionários. Entretanto, como tudo em excesso faz mal, a burocracia excedeu alguns limites e disfunções acabaram surgindo. Problemas como excesso de papelório, resistência a mudança, apego a regras e a regulamentos e dificuldades no atendimento e relação com o público foram algumas das disfunções que provocaram a associação negativa com a palavra "burocracia".

Entretanto, apesar de soar negativa para muitos, a burocracia aprimorou de forma significativa o desempenho organizacional. A impessoalidade da burocracia evita, pelo menos na prática, favorecimentos pessoais injustos, alegação do desconhecimento de normas, a formalização da comunicação ajuda a evitar desentendimentos e fornece um respaldo legal para funcionários e clientes em suas atribuições. Portanto, a burocracia é essencial e sua conotação negativa não vem desde sua criação e aplicação, o negativismo surge quando exageros são cometidos. Por isso, se quiser usar a burocracia, use, mas não abuse.


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