quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Qual seu segredo, Scooby-Doo?

Reconhecido pelo Guiness Book como o dublador há mais tempo emprestando a voz para um mesmo personagem, Orlando Drummond é um dos maiores humoristas da história do Brasil. Caso você não consiga associar nome a pessoa, certamente deve conhecer sua inigualável voz: Popeye, Alf, Gato Guerreiro e Scooby-Doo (personagem que o levou ao Guiness Book) são alguns dos inúmeros trabalhos de dublagem de Orlando. O trabalho de Orlando também teve grande notoriedade com o personagem Seu Peru do humorístico "Escolinha do Professor Raimundo".

Recentemente, em uma matéria da Rede Bandeirantes, Orlando, com mais de 95 anos de idade, anunciou sua aposentadoria. Durante a matéria que foi ao ar no programa "Tá na Tela", a entrevistadora conversou com Orlando e o levou para dar uma caminhada pelas ruas nas proximidades de sua residência no Rio de Janeiro. Mais interessante do que a própria reportagem, o caminhar e a fala de Orlando chamaram muita atenção, pois não condiziam com um senhor de 95 anos: sem qualquer tipo de apoio ou dificuldades, Orlando caminhava perfeitamente e mantinha uma conversa em ritmo normal, não possuindo a característica "voz cansada" dos idosos.

Com 95 anos de idade, Orlando Drummond conseguiu um feito que todos desejamos, porém, que poucos conseguem: envelhecer com qualidade. Além do grande desejo de seguir os mesmo passos, fica uma pergunta difícil de ser respondida: qual o segredo de Orlando? Provavelmente, a resposta está no fato de Orlando Drummond ter trabalhado por mais de 70 anos e postergado ao máximo sua aposentadoria.

Realizar sua aposentadoria é um direito que as pessoas têm, seja por invalidez ou pelo tempo. Contudo, o conceito de "aposentar" no Brasil é equivocado. Para os brasileiros de um modo geral, aposentar significa literalmente "parar de trabalhar", como se fossem férias remuneradas eternas, e nesse aspecto que está todo o problema.

Um ponto negativo com o conceito brasileiro de aposentar é a falta de ocupação. Sem trabalho ou outras responsabilidades, o idoso perde a sensação de utilidade e se acomoda em um mundo sem preocupações. Uma pessoa que sempre foi requisitada, ativa e cheia de responsabilidade, quando chega a uma situação como essa pode ter a sensação de invalidez e chegar até a depressão.

Outro problema ocorre quando a pessoa deixa de ser remunerado pelo salário para receber a pensão da aposentadoria, um valor inferior à pecúnia pelo labor. Com um rendimento mensal reduzido, consequentemente, o poder de compra também diminui, resultando em uma queda do padrão de vida após a aposentadoria. Em contrapartida, aumentam os gastos com remédios e planos de saúde.

Por conta da elevação da expectativa de vida do brasileiro, é muito provável que tenhamos problemas previdenciários como ocorridos na Itália e outros países europeus. Com a possibilidade de tal situação ocorrer em cenário nacional, é provavelmente que cada vez mais o benefício das pensões continue diminuindo gradativamente. Uma sinalização de tal movimento são os novos aposentados de cargos públicos, os quais, diferentemente do passado, não recebem suas pensões com valores integrais de seus antigos salários.

Com tal cenário em vista, é importante que o povo brasileiro comece a fazer suas próprias aposentadorias. É possível com um depósito mensal de R$ 500,00 na caderneta de poupança, ao final de 37 anos, praticamente o mesmo prazo da idade ativa de um trabalhador antes de aposentar, ter o montante de R$ 1.000.000,00. Com juros de 0,56% ao mês, tal valor renderia ao aposentado um ganho mensal superior a R$ 5.000,00, um excelente reforço para a manutenção do padrão de vida pós-aposentadoria.

Após ter a segurança financeira estabelecida, o aposentado poderia realizar outras atividades, como trabalhos voluntários. Um funcionário aposentado de um banco, por exemplo, poderia continuar trabalhando como voluntário de uma ONG, onde contribuiria diretamente para a sociedade com sua experiência adquirida nos anos de labor. Uma atividade que o manteria em exercício, porém com mais tempo livre e sem as antigas grandes responsabilidades. Dessa forma, o conceito de aposentar deixa de ser simplesmente "parar de trabalhar" para ser "parar de trabalhar pelo dinheiro". Uma definição mais apropriada que preserva a qualidade de vida pós-aposentadoria.

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