O presidente Jair
Bolsonaro deixou claro que pretende disputar a reeleição em 2022. O cenário de
22 vai ser completamente diferente do encontrado em 2018 e o presidente sabe
disso. A mesma conjuntura que o levou à vitória em 2018 dificilmente irá
ocorrer porque Bolsonaro já não é mais “pedra” e sim “vidraça” e a direita terá
João Doria para rivalizar com o presidente.
Sabendo disso,
Bolsonaro precisa mudar sua estratégia de atuação eleitoral para conseguir ser
vitorioso em 2022.
Para tanto, Bolsonaro
iniciou um processo de destruição das instituições e organizações. A política
de destruição não será de terra arrasada, com prédios no chão e economia em
frangalhos, porque não será física, mas sim moral. Bolsonaro quer destruir a
crença que a população possui com as instituições para mostrar que elas são
contra ele e, portanto, inimigas do povo e da “revolução” que o presidente vem
propondo.
São as instituições que
permitem maconha e casamento gay (STF), que proíbem o cidadão portar arma
(Congresso), que multa os produtores rurais por estarem produzindo e gerando
riquezas para o país (IBAMA), que atrapalha remédios já testados em outros países
serem negociados no Brasil (ANVISA), que multa o carro do cidadão na estrada
(DETRAN) e etc.
Há um processo de
desacreditação institucional com quebra de ritos e liturgias.
Recentemente, Bolsonaro
disse que indicará seu filho Eduardo Bolsonaro para a vaga de embaixador
brasileiro nos EUA. A embaixada nos EUA é a mais importante dentre todas as embaixadas
e é ocupada por diplomatas rodados, experientes e com currículo robusto
costumeiramente. Ao indicar o filho, Bolsonaro atropela a tradição, indicando
alguém sem experiência internacional e sem o currículo necessário, pois o
próprio Eduardo disse que sua experiência internacional é fritar hambúrgueres.
A própria postura do
presidente que recebia ministros vestindo moletom, agasalho e camiseta
falsificada do Palmeiras e fala impropérios em suas entrevistas é uma forma de
passar por cima das instituições e formalidades.
No rolo compressor
bolsonarista, nem os eleitores estão a salvo. Em live divulgada no Facebook,
Bolsonaro desdenhou os seus eleitores que eventualmente poderiam abandoná-lo
por conta da indicação do filho à embaixada.
Nem a religião escapa
do processo de destruição, sendo utilizada como britadeira pelo presidente.
Nunca um presidente utilizou tanto o discurso e o apoio religioso de modo
explícito no período da redemocratização. Bolsonaro mistura o céu e a terra ao
trazer a religião para a política, lançando certo grau de irracionalidade
propagada por pastores “messiando” o messias Jair Messias.
O “terceiro turno”,
promovido por ele e não pela oposição, serve para perpetuar um estado perpétuo
de conflito entre ele e as instituições, passando a mensagem de uma constante
luta pelo progresso que nunca chegará por conta da ação da “velha política”.
Nas manifestações
pró-governo, é comum a presença de cartazes contra o Legislativo e contra o
STF, indicando que tais organizações já não valem mais nada para essas pessoas.
Apenas o messias Jair Messias pode comandar o Brasil com sua sapiência
messiânica.
Pelo fato de ter sido
considerado o candidato contra o sistema, Bolsonaro precisa destruí-lo para mostrar
aos eleitores que algo foi feito. A questão é se Bolsonaro vai destruir demais.
Olá professor Leonardo. Estou preferindo acompanhar suas ideias em formas de textos. Um abraço.
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