quinta-feira, 7 de maio de 2015

Forte ou preguiçoso?

Diversas pesquisas sobre produtividade dos trabalhadores apontam o trabalhador brasileiro como sendo pouco produtivo em comparação aos demais países. Tal resultado é preocupante, pois se queremos ser um dos principais países do mundo, precisamos aumentar a nossa produtividade para que a máquina econômica posso girar cada vez mais. Entretanto, melhor a produtividade dos trabalhadores é uma tarefa bem complexa.

Para que um trabalhador seja produtivo, alguns fatores devem existir para que ele possa desempenhar o máximo de sua capacidade. Um bom ambiente de trabalho é crucial para um funcionário exercer todo o seu potencial. A dificuldade está em criar tal ambiente, pois muitos trabalhadores chegam em seus postos de trabalhos estressados e desgastados psicologicamente e a organização pouco pode fazer para contornar uma situação pela qual ela não tem o controle.

Em muitas cidades do Brasil, como São Paulo, o deslocamento do trabalhador de sua casa ao trabalho é uma verdadeira batalha. Se a opção for pelo trem, metrô ou ônibus, o funcionário deverá acordar cedo para enfrentar lotações onde a briga por centímetro quadrados é ferrenha. Além do desconforto de estar em um local apertado com diversos outros desconhecidos, o trabalhador ainda tem que enfrentar os odores típicos de uma lotação, como a sudorese e de alguns alimentos consumidos por passageiros durante o percurso, e deve estar em constante atenção para evitar pequenos furtos que eventualmente ocorrem.

Ao chegar ao local do trabalho, após um percurso de mais de uma hora, o trabalhador já está estressado e altamente desgastado com todo o desconforto do percurso percorrido, sem as condições físicas ideais para desempenhar o máximo de sua performance. Ao término do expediente, o cenário se repete e mais uma vez ocorre uma batalha para voltar para a casa, onde poderia descansar depois das adversidades do trabalho e do deslocamento, entretanto, sua noite de sono não é das mais revigorantes, pois logo cedo ele deverá estar novamente em pé. Por essas razões, muitos trabalhadores afirmam que o deslocamento até o trabalho é mais desgastante do que o próprio labor.

Uma alternativa que evita as lotações é a opção pelo transporte individual, entretanto, mesmo sendo mais confortável, a batalha também é árdua. O tráfego intenso das grandes cidades exige do motorista uma atenção redobrada para evitar colisões e acidentes com outros carros ou motos. Outra preocupação são os congestionamentos e os possíveis arrastões que podem ocorrer. Portanto, mesmo com o transporte individual, o estresse e o desgaste do deslocamento até o trabalho também são grandes.

Outro fator que contribui para a baixa produtividade do trabalhador brasileiro é o seu nível educacional. Infelizmente, por conta do sistema educacional deficitário, muitos trabalhadores apresentam dificuldades em desenvolver e interpretar relatórios e resolver problemas simples. O baixo nível educacional e os transtornos do deslocamento são fatores que ocorrem independentes à vontade do trabalhador, entretanto, não se pode eximi-lo de toda a culpa.

Muitos trabalhadores possuem um desempenho aquém do esperado mesmo com baixo nível educacional e com todos os transtornos de deslocamento. É comum funcionários utilizarem o e-mail do trabalho para enviarem pornografia, acessarem Facebook e WhatsApp do celular com o wi-fi da empresa, dormirem no banheiro durante o expediente e beberem cerveja durante o horário de almoço. Portanto, apesar de parecem hábitos inofensivos, são situações que prejudicam a performance no trabalho.

Tanto os hábitos do trabalhador, mesmo em escala menor, quanto o ambiente corroboram para a baixa performance no trabalho, entretanto, verificar a produtividade dos trabalhadores de um país somente pela análise fria de um número é insuficiente. É necessário entender, em primeiro lugar, o contexto do ambiente que cerca o trabalhador. Chamar um funcionário de preguiçoso pode, muitas vezes, ser leviano e injusto, pois pegar uma lotação com pessoas se acotovelando, esfregando, com cheiro azedo de marmita e no calor de uma cidade tropical não o faz um preguiçoso, mas sim um forte.

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