quinta-feira, 26 de março de 2015

Amá-los ou odiá-los?

O deputado federal Pastor Marco Feliciano é um político muito inteligente. Se suas posições ideológicas e políticas são controversas e questionáveis, sua inteligência e capacidade de manuseamento das massas é admirável. O deputado sabe como ninguém utilizar a massa em seu favor para manter os holofotes sobre si.

O destaque de Marco Feliciano não está em usar seus eleitores para atrair a atenção da mídia, mas sim em usar aqueles que são os mais contrários aos seus ideais: os homossexuais. As posições conservadoras do deputado muitas vezes vão de encontro aos interesses dos homossexuais, algo que geralmente repercute e gera revolta. Feliciano sabe disso e também sabe que o apetite da mídia por polêmicas é tão grande quanto ao de um fugitivo no deserto.

A estratégia de Marco Feliciano é muito simples: agir polemicamente perante um grupo, na maioria das vezes os homossexuais, e esperar a revolta reverberar na internet. A televisão, assídua por tópicos potencias geradores de audiência, busca na internet assuntos em destaque comentados pela população. Como Marco Feliciano está na pauta dos mais discutidos, programas de TV o convidam para aparecer em seus shows e aumentar a audiência por apresentar uma personalidade controversa.

Apesar de ser muitas vezes criticado em tais programas, Marco Feliciano sabe como utilizar muito bem o tempo gratuito que recebe por tais aparições. De uma campanha de um pouco mais de 210 mil votos em 2010, o deputado conseguiu em 2014 expressivos 398.087 votos, sendo o terceiro deputado federal mais votado no Estado de São Paulo; mais que o dobro de votos do segundo colocado do partido. Tal aumento considerável pode ser creditado à campanha contrária dos homossexuais ao pastor.

A ingenuidade dos homossexuais com Marco Feliciano é assustadora, pois fazem exatamente o que o deputado quer. Ao acessarem, comentarem ou compartilharem as notícias polêmicas do deputado, os homossexuais não estão protestando, muito pelo contrário, estão apenas colocando holofotes em cima do pastor. A polêmica é tudo o que o Marco Feliciano quer para poder continuar aparecendo gratuitamente na televisão.

A polêmica mais recente provocada por Marco Feliciano foi o boicote aos produtos da empresa Natura. O boicote é motivado pelo patrocínio da empresa de cosméticos a novela Babilônia da Rede Globo. Na trama da novela, as atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timberg interpretam um casal homossexual que em determinado momento da história, protagonizaram um beijo lésbico. De acordo com Feliciano, tal atitude é um ato "contra a moral da família brasileira".

Após tal declaração, os homossexuais, novamente, protestaram contra a homofobia do pastor, porém, Feliciano não é homofóbico, muito pelo contrário, ele ama os homossexuais, pois são eles que, indiretamente, o elegem. O problema em "dar mídia" para um candidato é o sistema eleitoral brasileiro com o seu chamado quociente partidário. O quociente partidário calcula quantas cadeiras um partido terá a partir do total de votos de todos os seus candidatos, portanto, se um candidato for muito bem votado, caso do Pastor Marco Feliciano, ele pode trazer consigo vários outros candidatos de seu partido, mesmo com votações baixas.

Com tal panorama em mente, os partidos buscam possíveis "puxadores de votos" para receberem cada vez mais votos e aumentar o quociente eleitoral. Com um quociente eleitoral maior, mais candidatos serão empossados e a representatividade partidária no congresso também será maior. Portanto, a reação dos homossexuais a Marco Feliciano fica pior com a presença do quociente eleitoral, pois mais votos significam uma possibilidade maior de candidatos com a mesma ideologia assumirem cargos de poder.

Para encerrar, deixo ao Pastor Marco Feliciano os meus parabéns, não pela sua ideologia, pois isso não vem ao caso na discussão, mas por sua enorme capacidade de articulação das massas. Já para os homossexuais, deixo o meu alerta: muitas vezes, a melhor forma de protestar é com o silêncio. E por mais modernos que se julguem, vai um aprendizado aprendido com minha antiga avó: o desprezo é a melhor forma de combater alguém que o incomoda.

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