quinta-feira, 19 de março de 2015

Quem vencerá 2018?

No dia 18 de março, o instituo Datafolha divulgou o resultado da pesquisa de aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff. Desde o governo de Fernando Collor, com 68% de avaliação "ruim/péssimo", um governo não ultrapassava a marca dos 60% em tal critério. Com 62% de "ruim/péssimo", a atual presidente apresente números semelhantes aos períodos que antecederam o impeachment de Collor. Entretanto, na mesma pesquisa do Datafolha, a avaliação do congresso e do senado foi de 50% de "ruim/péssimo", mostrando um descontentamento com toda a classe política e não apenas com Dilma Rousseff.

Por mais desesperador que o resultado do Datafolha possa ser para as ambições do governo com as eleições de 2018 e animador para as ambições da oposição, o jogo ainda não está acabado. No atual momento, tanto situação quanto oposição precisam manter a calma e os ânimos no lugar. A oposição precisará conter a euforia vinda da parcela da população que a apoia para evitar o surgimento da soberba em detrimento de um bom trabalho opositor que dá sinais de surgimento. Um erro da oposição poderá colocar tudo a perder, pois a situação não está derrotada e tem uma última cartada para 2018: Luiz Inácio Lula da Silva.

A situação almeja continuar no poder e, se meios racionais não são possíveis, fará uso da emoção para convencer o eleitor, e não há ninguém mais capaz de mexer com o emocional do eleitorado brasileiro do que o ex-presidente Lula. O ex-presidente tem o carisma e o histórico necessário para convencer a população, mesmo com as altas taxas de rejeição do governo de sua colega partidária. A oposição, por outro lado, não teria como apelar para o emocional da população, pois não tem em seu plantel um político que rivalize em carisma com Lula, sobrando apenas o argumento racional.

Com o auxílio de um bom "marketeiro", Lula surgiria em 2018 como a figura do "redentor", aquele que seria capaz de resgatar o Brasil da crise. Lula poderia utilizar o discurso que em 2003, quando assumiu, a situação econômica era pior, bem como a credibilidade com a comunidade internacional, mas com as políticas adotadas por ele, o país teve seu apogeu econômico. Se ele foi capaz de tudo isso antes e em uma situação menos favorável, com certeza poderia repetir agora.

Se quisesse, Lula poderia ser ainda mais emocional e atingir o íntimo dos seus eleitores. A ascensão econômica de várias pessoas durante os anos 2000, que trouxe diversas melhorias para a vida da população, poderia ser facilmente creditada a ele: "se você está comendo carne hoje, é por minha causa", "se você tem casa própria, é por minha causa" e "se você tem carro, é por minha causa", e tudo isso sem deixar de lado o mercado, pois o desempenho econômico do governo Lula foi bastante satisfatório.

O que poderia afetar a campanha de Lula em 2018 seria a forte associação com Dilma Rousseff. No entanto, em outras ocasiões, como no mensalão, o ex-presidente apresentou um pragmatismo ao ponto de deixar de lado antigos aliados para sustentar seu poder. Se já fez antes, poderia muito bem fazer de novo e com mais de três anos até as eleições de 2018, desassociar sua imagem de Dilma não seria tão complexo. Existe a possibilidade de Lula adotar um discurso humano ao assumir o erro pela indicação de Dilma Rousseff como candidata a presidência. Ao assumir o erro, Lula seria colocado como uma figura humana e próxima a população, reforçando ainda mais sua característica popular.

O caminho para 2018 já começou a ser traçado e passará obrigatoriamente pelas condições de saúde de Lula. Por mais derrotado que o governo possa parecer, a figura do ex-presidente é carismática e o torna forte candidato como próximo presidente. O risco de Lula está em uma derrota que poderia manchar sua trajetória política.

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