quinta-feira, 17 de julho de 2014

Qual o legado da Copa?


A Copa do Mundo de 2014 infelizmente chegou ao fim. Ganhar ou perder faz parte do jogo. Independentemente de nossa seleção ter feito ou não um bom trabalho, a sensação que temos, ao fim de um evento como esse, é que ficamos órfãos dos jogos e do clima promovido pelo mundial de futebol.

Sempre que uma Copa do Mundo acaba, ela deixa no ar um sentimento de "quero mais" e um vazio que será preenchido somente ao final de outros quatro longos anos. Durante esse hiato, temos que nos contentar com outros entretenimentos esportivos como o Campeonato Brasileiro, o Campeonato Paulista, o mundial de natação, o mundial de atletismo e os Jogos Olímpicos. Porém, nenhum deles consegue criar a mobilização e o ambiente de uma Copa do Mundo FIFA.

Esse cenário foi repetido incessantemente desde a Copa do Mundo de 1954 até agora. Porém, para a nossa sorte como brasileiros, a Copa do Mundo não terminou para nós com o apito do árbitro italiano Nicola Rizzoli como ocorreu para o resto das nações. Para a nossa sorte, iremos esticar ainda mais um pouco o espírito festivo com o legado que a competição promoveu.

Não seja ingênuo, caro leitor, ao dizer que a Copa do Mundo não teve legado. Obviamente, o tão falado e vendido legado durante a candidatura do país para receber o evento e durante os anos de preparação não aconteceu como fora esperado pela população. Porém, houve legado e ele talvez seja muito maior do que modernização de estradas e aeroportos.

Alguns podem vir com ironia e dizer que o legado foi os "elefantes brancos" deixados em Amazonas, Brasília e Mato Grosso. Porém, os Jogos Olímpicos de 2008 também apresentou seus próprios elefantes asiáticos com o estádio Ninho do Pássaro e o Cubo d´Água. A edição de 2004 da Eurocopa, campeonato de futebol realizado somente com as seleções europeias, também fez Portugal construir diversos estádios que se revelaram inúteis depois.

Outros irônicos podem dizer que o legado é a enorme conta para pagar. Porém, os Jogos Olímpicos de Londres em 2012 tiveram um orçamento de 13 bilhões de euros, 20% superior ao previsto inicialmente. Como vocês podem observar, certos problemas são inerentes de grandes eventos como a Copa do Mundo.

As previsões apocalípticas pré-evento não se confirmaram e o que se viu foi praticamente tudo dando certo em termos de organização. Os visitantes adoraram o país e a imagem externa certamente melhorou. Entretanto, esse também não é o maior legado do mundial.

Com os fatores extra-campo dando certo, coube a nossa seleção desempenhar um papel insatisfatório dentro de campo. Dessa maneira, pela união desses dois pontos, surge o maior legado da Copa do Mundo: nós mostramos para o mundo todo que somos muito mais do que o país do futebol!

Esse é o maior legado do evento. O surgimento de um sentimento de orgulho nacional, pois mostramos ao mundo que o Brasil vai muito além dos gramados do Maracanã, dos dribles de Neymar e da genialidade de Pelé. A questão que fica é se a Copa do Mundo, além de mostrar toda a nossa capacidade para o resto do planeta, convenceu a nós mesmo que o Brasil é muito mais do que a amarelinha.

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