Apesar
de muitas pessoas considerarem o ex-Presidente Lula uma figura execrável, temos
que admitir, por mais que possa doer em alguns, a sua genialidade política.
Alguns podem rebater o meu dizer com adjetivos para desqualificar a pessoa,
referindo-se ao seu gosto por etílicos ou ao fato de sua prisão, porém, nunca
contestarão sua capacidade política e a eleição de 2018 é mais um prova do
quanto Lula é genial e poderoso.
É
discutível se Lula foi o melhor presidente do país. Alguns dizem que foi
Getúlio Vargas. Outros podem questionar que Lula apenas soube aproveitar a onda
deixada por FHC e o bom momento chinês. Entretanto, méritos a Lula que soube
surfar tal onda apesar da crise de 2008. Lula surfou tão bem a onda que
encerrou seu governo com uma aprovação recorde e se tornou uma verdadeira
instituição. Instituição que, mesmo arranhada, ainda o faz o homem mais
poderoso da América Latina, capaz de atuar e influenciar diretamente no
resultado da eleição de 2018 mesmo estando preso.
Praticamente
todos os eleitores de Jair Bolsonaro, mesmo a parcela de 20% da população
brasileira com ideações fascistas, justifica seu voto com sentimentos anti-PT,
possivelmente travestidos de sentimentos anti-Lula, pois Lula é a figura
principal do Partido dos Trabalhadores. Nas manifestações pró Bolsonaro, é
comum ver o Pixuleco. Se Lula fosse irrelevante igual Haddad, sua imagem jamais
estaria sendo utilizada para angariar e consolidar votos em Bolsonaro.
Também
é verdade que praticamente todos os eleitores de Fernando Haddad estão votando
em um poste de Lula. De dentro cadeia e sem aparecer publicamente, Lula vai conseguir
que seu candidato tenha 45% dos votos aproximadamente. Uma votação altamente
expressiva para um candidato completamente desconhecido do grande público,
sendo suficiente para consolidar o PT e Lula como a principal oposição ao
governo de Jair Bolsonaro.
Lula
sabe que dificilmente iria conseguir governar um país de dentro da cadeia.
Porém, conseguirá fazer a oposição perfeitamente.
Arrisco
dizer que Lula sabia que desde o princípio dificilmente iria vencer a eleição. Desde
2014 quando Dilma venceu as eleições de modo bem apertado, uma “onda azul”
tomou o mundo e elegeu diversos governantes em vários países. No Brasil, a “onda
azul” elegeu diversos prefeitos na eleição de 2016 e iria reverberar até 2018. Talvez,
Lula pensasse que o possível vencedor da atual eleição seria Geraldo Alckimin
ao invés de Jair Bolsonaro.
Na
coluna de Mônica Bérgamo do jornal A Folha de São Paulo, Lula diz abertamente
que a vitória apertada de Jair Bolsonaro mudará o patamar da oposição e que o
saldo já é positivo mesmo em caso de derrota nas urnas. A vitória apertada
alçará a oposição para um novo patamar, complicando a situação do novo governo.
Mesmo
alguns podendo dizer que o discurso de Lula é fala de conformismo com a derrota,
eu discordo. A “onda azul” global e os resultados da eleição de 2014 indicam
que a vitória do PT seria muito difícil. Portanto, seria muito importante para
o projeto de poder de Lula que ele tivesse o controle da oposição após 2018.
Ao
longo dos anos, Lula sempre solapou todas as grandes figuras da esquerda, com
exceção de Ciro Gomes. Entretanto, mesmo de dentro da cadeia, Lula conseguiu
articular a neutralidade do PSB que inclinava apoio a Ciro, isolando o
pedetista e reduzindo seu tempo de televisão para poucos segundos. A jogada
minou o crescimento e as pretensões políticas do adversário, reduzindo a
influência de Ciro Gomes ao Nordeste onde Lula é igualmente influente.
Com
o término da eleição, Lula atingiu seus objetivos: conseguiu dar a um candidato
desconhecido uma votação expressiva, minou outros postulantes ao controle da
esquerda, manteve o PT vivo e relevante com a maior bancada do Congresso Nacional,
comandará a oposição e reforçou sua imagem de poder.
O
grande sonho de Lula é sair da cadeia para o Palácio do Planalto como Nelson Mandela,
perpetuando sua imagem de herói para a história. A ganância de poder do
ex-Presidente é tão grande quanto sua genialidade. No fim, a eleição de 2018,
mais do que eleger Jair Bolsonaro, serviu para consolidar Lula como o homem
mais poderoso do Brasil e da América Latina, um espectro que rondará
continuamente o Brasília até 2022.
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