quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Qual a utilidade de um submarino nuclear?

Um Estado é uma organização política constituída segundo normas jurídicas determinadas, em um território definido e com governo independente. Resumidamente, um Estado é composto pelos seguintes elementos: povo, território e soberania. O povo é o elemento humano de um Estado que habita uma base física, conhecida como território, e é conduzida por um governo com poderes absolutos de auto-organização.

Para defender seu território, seu povo e sua soberania, um Estado conta com a presença das chamadas Forças Armadas, compostas pelos elementos terrestres, aéreos e navais. Em tempos de paz, as Forças Armadas passam a ter uma função de proteção fronteiriça, impedindo a entrada de produtos contrabandeados, drogas, doenças e pessoas ilegais. Mais do que a função de defesa, as Forças Armadas possuem um caráter geopolítico importante, sendo um elemento essencial de demonstração de poder.

Um período em que ficou muito evidente a importância geopolítica das Forças Armadas foi na chamada Guerra Fria. Durante o período, Estados Unidos e União Soviética competiam para mostrar ao mundo qual de ambos apresentava o maior poderio bélico. Cientistas americanos e soviéticos eram incentivados a construírem armamentos cada vez mais pesados e com tecnologia nuclear capaz de destruir a Terra inúmeras vezes.

Nos dias atuais, poucos são os países que possuem, legalmente, tal tipo de armamento nuclear. Praticamente todos os países do mundo fazem parte do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o TNP. O TNP foi um tratado assinado em 1968 em Nova Iorque com o propósito de evitar a disseminação de armas nucleares e para viabilizar o uso pacífico de tecnologia nuclear.

Do ponto de vista da redução dos conflitos internacionais, tal acordo é interessante, pois o armamento nuclear é um dos principais fatores de tensões globais. Por outro lado, por conta do poderio nuclear, países passam a ser temidos e respeitados pela comunidade internacional. Estados Unidos, Reino Unido, China e Rússia não são respeitados apenas por serem algumas das principais economias do mundo. Pelo lado brasileiro, por ser um dos membros do TNP, as discussões sobre armamentos nucleares passam longe dos assuntos mais debatidos.

Apesar do Brasil não possuir nenhum tipo de interesse aparente em desenvolver uma bomba atômica, em 2023 ficará pronto o nosso submarino de propulsão nuclear. A instituição responsável por fazer o patrulhamento da zona costeira é Marinha do Brasil. A entidade argumenta a necessidade do desenvolvimento de tal mecanismo de defesa amparada no fato do país ser foco de "ambições" estrangeiras.

A "ambição" mencionada pela Marinha não é referente a domínio ou invasão territorial, mas sim nas nossas riquezas naturais. Praticamente toda a extração brasileira de petróleo ocorre no mar, nossas principais reservas petrolíferas e de gás estão em poços ao redor da costa. Sem mencionar que nossa maior reserva de petróleo, o pré-sal, é assunto de discussões internacionais.

De acordo com os Estados Unidos, o pré-sal brasileiro encontra-se em águas internacionais, fato que não daria ao Brasil exclusividade em sua exploração. Sabendo de tais ambições internacionais, o governo brasileiro luta para manter suas reservas em seus domínios, para tanto, busca um aumento do território marítimo. O debate sobre a legitimidade do controle do pré-sal só não está tão em pauta por conta do preço atual do barril de petróleo.

Uma "guerra" geopolítica começa a ser armada para os próximos anos e o Brasil precisa estar preparado para tanto. O desenvolvimento do submarino nuclear é um passo importante para termos uma Força Armada potente, não para entrarmos em combate, mas sim para ter poder de dissuasão. O submarino mandará um recado aos demais países dizendo "aqui é nosso, não se metam com a gente". Para ter respeito internacional, não basta apenas poderio econômico, pois se o respeito não for conquistado, ele deve ser imposto.

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