quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O que é a inflação?

A última corrida presidencial brasileira teve vários pilares de discussão. Um dos pilares que encabeçaram os debates políticos foi a inflação. Enquanto um candidato bradava com ares apocalípticos que a "inflação havia voltado", o outro contra argumentava com soberba que a "inflação está controlada". Os discursos de ambos os candidatos pouco tinham a intenção de esclarecer qualquer ponto para a população. O intuito da oratória era angariar votos, independentemente das consequências que isso poderia trazer para a população mais desavisada, a qual infelizmente é a grande maioria.

O discurso de ambos candidatos, assim como o senso comum, dão à inflação uma conotação terrivelmente negativa, porém, a inflação é boa e desejável que ocorra; o problema é a poluição da inflação. Tal afirmação sobre os benefícios da inflação não são triviais para o grande público e choca o senso comum de forma passível de agressões verbais hediondas nas redes de relacionamento.

O grande problema talvez seja a falta de carinho e atenção do senso comum para avaliar o conceito de inflação: inflação é o aumento contínuo nos preços em uma determinada região. Ou seja, à medida que o tempo passa, o preço dos produtos torna-se mais caro. Como resultado desse movimento, o poder de compra das pessoas fica reduzido, por exemplo: se um refrigerante custava, em 1995, R$ 1,00, com R$ 2,00 era possível adquirir dois refrigerantes, porém, se em 2005 o preço desse mesmo refrigerante passou para R$ 1,25, com os mesmos R$ 2,00 de antes é possível adquirir apenas um refrigerante.

O aumento de preços pode ocorrer, geralmente, por uma elevação nos gastos públicos e por um aumento da demanda. Pela lei de oferta e demanda, quanto mais procura houver sobre um produto, no longo prazo, menor será a quantidade disponível no mercado e maior será o seu preço. Portanto, se ocorre inflação, significa que mais pessoas estão consumindo e elas consomem porque possuem, de algum modo, recursos para tal. Quando as pessoas deixam de consumir, os preços caem, pois a oferta fica maior e existe uma abundância de produtos disponíveis no mercado, isso significa que a população não consegue mais obter recursos para consumir tais produtos. Tal movimento pode significar uma crise ou recessão econômica daquela região. Portanto, a ocorrência da inflação é boa e deve existir. O que não pode ocorrer é um aumento exagerado de tal índice.

Durante o período eleitoral, arautos do apocalipse destilaram pânico na população, endossados por uma parcela desprovida de senso crítico, com argumentos de que a inflação havia voltado. Tal informação é uma falácia, pois a inflação não está de volta. A inflação brasileira é administrável e incomparável com a verdadeira inflação que o país enfrentou nos anos 80. Segundo o IPC Brasil, a inflação até setembro era de 6,7% ao ano, muito distante da taxa inflacionária de 80% ao mês, isso mesmo, ao mês, enfrentada na década de 80.

O período dos anos 80 foi marcado pela chamada "hiper inflação". Tal década trouxe consigo desespero e suadouro em consequência dos sprints até aos bancos em dia de pagamento e ao supermercado para comprar a maior quantidade de produto antes que o dinheiro perdesse seu poder.

Dizer que a "inflação voltou" é imprudência e repetir é insipiência. A taxa de inflação no Brasil está administrada, porém, fora das metas governamentais. O governo possui instrumentos para controla-la, sejam eles impopulares ou não. Se a inflação irá voltar da forma como os apocalípticos dizem, provavelmente não.

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