Os
momentos de conflitos são especialmente apreciados pelo presidente que sempre
viu nos embates uma possibilidade de aumentar sua popularidade. Basta lembrar
das brigas, enquanto Bolsonaro era deputado, com Maria do Rosário e Jean
Wyllys. Não podemos esquecer também do período eleitoral onde Bolsonaro, ainda
candidato, crescia sempre quando era atacado.
Entretanto,
as brigas internas ficaram pequenas para Bolsonaro. Sem uma oposição
contundente, não há com quem antagonizar, restando ao presidente mirar seus
ataques em territórios no exterior.
Para
tanto, o presidente viu em Macron um adversário frágil e possível de ser
chamado para o conflito. Ao atacar Bolsonaro, Macron deu ao presidente alguém
para combater internacionalmente com a prerrogativa de estar defendendo os
interesses nacionais.
Em
uma estratégia de destruição da credibilidade das instituições, defender os
interesses nacionais, principalmente a Amazônia, nosso maior patrimônio, coloca
Bolsonaro como um símbolo patriótico, o único representante moralmente aceito
pela população para representá-la.
Ao
atacar Bolsonaro, o francês caiu em uma armadilha. Macron será usado por
Bolsonaro como instrumento de validação do seu patriotismo. É o confronte
ideológico e sem importância contra o marxismo cultural atingindo escala
global.
Mas
por que Bolsonaro escolheu justamente Macron, o presidente francês, para ser
seu adversário internacional se Angela Merkel, chanceler alemã, também o confrontou?
A resposta é muito simples economicamente: enquanto a Alemanha ficou na 6ª
posição dos países que mais importaram produtos brasileiros em 2018, a França
de Macron ficou na distante 21ª.
Se
em 2018, a França importou US$ 2,2 bilhões aproximadamente, a Alemanha importou
praticamente o dobro com um saldo de US$ 5,2 bilhões. Se comparada com a
Holanda, o quarto destino das exportações brasileiras e principal comprador de
produtos brasileiros na Europa, a França é piada frente aos US$ 13 bilhões
exportados para os Países Baixos em 2018.
Para
você ter uma idéia leitor, os valores das exportações brasileiras para a França
são inferiores aos seguintes países europeus: Holanda, Alemanha, Espanha,
Itália, Bélgica e Reino Unido. Elas também são menores do que as exportações para
Hong Kong, Cingapura e Coreia do Sul, países muito inferiores a França em
tamanho e população.
Portanto,
deflagrar uma guerra de insultos contra Macron é possível e interessante para
Bolsonaro. A França não é um parceiro economicamente estratégico como a China,
mas também não é geopoliticamente insignificante como Cingapura. Os franceses
possuem o tamanho perfeito para Bolsonaro antagonizar: é um gigante europeu que
não fará nenhum mal econômico ao Brasil.
Geopoliticamente,
o confronto com a França também é interessante para Bolsonaro por Macron ser
contrário ao Brexit. Em uma busca de aproximação cada vez maior com o
presidente americano Donald Trump, atacar adversários políticos de Boris
Johnson, Primeiro-ministro do Reino Unido, é interessante para Bolsonaro.
Macron
é jovem, inexperiente e frágil. Seu rosto angélico de olhos claros demonstra
zero ameaça ou intimidação. Ele é o adversário que Bolsonaro nunca pediu, mas
sempre procurou. Macron é simplesmente perfeito!
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