quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Macron é perfeito para Bolsonaro

Jair Bolsonaro escolheu Emmanuel Macron como seu adversário internacional. A política bélica de ataque à oposição para manter a militância ativa em um constante terceiroo turno também será utilizada internacionalmente.

Os momentos de conflitos são especialmente apreciados pelo presidente que sempre viu nos embates uma possibilidade de aumentar sua popularidade. Basta lembrar das brigas, enquanto Bolsonaro era deputado, com Maria do Rosário e Jean Wyllys. Não podemos esquecer também do período eleitoral onde Bolsonaro, ainda candidato, crescia sempre quando era atacado.

Entretanto, as brigas internas ficaram pequenas para Bolsonaro. Sem uma oposição contundente, não há com quem antagonizar, restando ao presidente mirar seus ataques em territórios no exterior.

Para tanto, o presidente viu em Macron um adversário frágil e possível de ser chamado para o conflito. Ao atacar Bolsonaro, Macron deu ao presidente alguém para combater internacionalmente com a prerrogativa de estar defendendo os interesses nacionais.

Em uma estratégia de destruição da credibilidade das instituições, defender os interesses nacionais, principalmente a Amazônia, nosso maior patrimônio, coloca Bolsonaro como um símbolo patriótico, o único representante moralmente aceito pela população para representá-la.

Ao atacar Bolsonaro, o francês caiu em uma armadilha. Macron será usado por Bolsonaro como instrumento de validação do seu patriotismo. É o confronte ideológico e sem importância contra o marxismo cultural atingindo escala global.

Mas por que Bolsonaro escolheu justamente Macron, o presidente francês, para ser seu adversário internacional se Angela Merkel, chanceler alemã, também o confrontou? A resposta é muito simples economicamente: enquanto a Alemanha ficou na 6ª posição dos países que mais importaram produtos brasileiros em 2018, a França de Macron ficou na distante 21ª.

Se em 2018, a França importou US$ 2,2 bilhões aproximadamente, a Alemanha importou praticamente o dobro com um saldo de US$ 5,2 bilhões. Se comparada com a Holanda, o quarto destino das exportações brasileiras e principal comprador de produtos brasileiros na Europa, a França é piada frente aos US$ 13 bilhões exportados para os Países Baixos em 2018.

Para você ter uma idéia leitor, os valores das exportações brasileiras para a França são inferiores aos seguintes países europeus: Holanda, Alemanha, Espanha, Itália, Bélgica e Reino Unido. Elas também são menores do que as exportações para Hong Kong, Cingapura e Coreia do Sul, países muito inferiores a França em tamanho e população.

Portanto, deflagrar uma guerra de insultos contra Macron é possível e interessante para Bolsonaro. A França não é um parceiro economicamente estratégico como a China, mas também não é geopoliticamente insignificante como Cingapura. Os franceses possuem o tamanho perfeito para Bolsonaro antagonizar: é um gigante europeu que não fará nenhum mal econômico ao Brasil.

Geopoliticamente, o confronto com a França também é interessante para Bolsonaro por Macron ser contrário ao Brexit. Em uma busca de aproximação cada vez maior com o presidente americano Donald Trump, atacar adversários políticos de Boris Johnson, Primeiro-ministro do Reino Unido, é interessante para Bolsonaro.

Macron é jovem, inexperiente e frágil. Seu rosto angélico de olhos claros demonstra zero ameaça ou intimidação. Ele é o adversário que Bolsonaro nunca pediu, mas sempre procurou. Macron é simplesmente perfeito!

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