segunda-feira, 8 de abril de 2019

Bolsonaro não representa a direita

A aprovação de Jair Bolsonaro como presidente está em queda. Primeiramente, uma pesquisa realizada pelo IBOPE apontou queda de aprovação no governo que foi confirmada por pesquisa mais recente feita pelo Instituto Datafolha. Os números do Datafolha revelam que Bolsonaro é o presidente com a pior aprovação em primeiro mandato desde 1985. Jair Bolsonaro está com índices praticamente iguais de bom ou ótimo, regular e ruim ou péssimo.

Para um governo com dificuldades de articulação com o Legislativo, inclusive com sua base do próprio partido, a aprovação popular é essencial para mostra a deputados e senadores que o presidente possui força política. Sem o respaldo populacional, a vida presidencial sempre fica mais difícil.

O resultado do Datafolha foi suficiente para parcelas precipitadas da esquerda começaram a acreditar que o caminho para a volta em 2022 estava aberto. Uma análise equivocada desmontada pelos próprios resultados da pesquisa.

Primeiramente, é necessário levar em consideração que Bolsonaro foi avaliado pelo seu comportamento e não pelas suas ações. Com poucos meses de governo, é praticamente impossível um governante conseguir realizar feitos que impactem diretamente a vida das pessoas. Para 50% dos entrevistados, Bolsonaro trabalha pouco, é autoritário para 57% e despreparado para 44%. Características que representam a imagem do presidente e não suas ações. Entretanto, para 59% dos entrevistados, a expectativa é que Bolsonaro realize um governo ótimo ou bom.

A maioria das pessoas ainda confia em Bolsonaro, apesar de ter ocorrido uma queda no valor que era de 65%.

Portanto, o descontentamento da população não é com a direita propriamente, mas sim com a figura do presidente.

A característica de governar de Bolsonaro garante certa blindagem para a direita. O presidente governa quebrando liturgias de cargos e pessoalizando a república. No governo de Bolsonaro, as pessoas estão acima das instituições. Os ministérios passam a ser sobrenomes dos ministros que os lideram. O ministério da Economia é o ministério de Paulo Guedes e não Paulo Guedes é o ministro da Economia. A pessoalizar faz com que a pessoa seja a responsável tanto pelo fracasso quanto pelo sucesso da instituição. Se Bolsonaro falhar, a culpa é dele e não da ideologia da direita.

Ao analisar os resultados do Datafolha para os ministros, é possível ter uma idéia maior que o descontentamento é exclusivamente com Bolsonaro. Entre os ministros, Sérgio Moro é aquele que possui a maior aprovação com 59%. Valor superior ao do próprio presidente. O antigo juiz da Lava Jato goza de enorme prestígio com a população e sempre é cotado para ser candidato à presidência futuramente. Sérgio Moro chegou ao ministério com popularidade maior do que a do próprio presidente. A pesquisa do Datafolha apenas confirma o seu papel central no governo.

Outro agente importante a ser considerado na equação é João Doria, governador de São Paulo. Por enquanto, não foi realizada nenhuma pesquisa para medir a aprovação do governador. Sua aprovação será muito importante para saber como será o caminho da esquerda até 2022.

Entretanto, mesmo que João Doria e Sérgio Moro tenham suas aprovações deterioradas futuramente, é essencial que a esquerda faça seu dever de casa. A oposição ao atual governo tem ocorrido por fatores internos de desarticulação do PSL. Recentemente, o líder do governo na Câmara, o criticado Major Vitor Hugo, criticou o líder do partido, o Delegado Waldir, pela falta de empenho para a aprovação da reforma da Previdência.

Se a oposição estivesse um pouco mais articulada, é possível acreditar que a aprovação do governo Bolsonaro estaria menor.


Um comentário:

  1. Bem escrito. O governo Bolsonaro só cairá apenas por si mesmo.
    O presidente Bolsonaro precisa urgentemente cortar as relações com o Olavo de Carvalho se não quiser passar por um processo de impeachment. E caso isso ocorra, ele cairá na primeira oportunidade.

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