Para um governo com
dificuldades de articulação com o Legislativo, inclusive com sua base do
próprio partido, a aprovação popular é essencial para mostra a deputados e
senadores que o presidente possui força política. Sem o respaldo populacional,
a vida presidencial sempre fica mais difícil.
O resultado do
Datafolha foi suficiente para parcelas precipitadas da esquerda começaram a
acreditar que o caminho para a volta em 2022 estava aberto. Uma análise
equivocada desmontada pelos próprios resultados da pesquisa.
Primeiramente, é necessário
levar em consideração que Bolsonaro foi avaliado pelo seu comportamento e não
pelas suas ações. Com poucos meses de governo, é praticamente impossível um
governante conseguir realizar feitos que impactem diretamente a vida das
pessoas. Para 50% dos entrevistados, Bolsonaro trabalha pouco, é autoritário
para 57% e despreparado para 44%. Características que representam a imagem do
presidente e não suas ações. Entretanto, para 59% dos entrevistados, a
expectativa é que Bolsonaro realize um governo ótimo ou bom.
A maioria das pessoas
ainda confia em Bolsonaro, apesar de ter ocorrido uma queda no valor que era de
65%.
Portanto, o
descontentamento da população não é com a direita propriamente, mas sim com a
figura do presidente.
A característica de
governar de Bolsonaro garante certa blindagem para a direita. O presidente
governa quebrando liturgias de cargos e pessoalizando a república. No governo
de Bolsonaro, as pessoas estão acima das instituições. Os ministérios passam a
ser sobrenomes dos ministros que os lideram. O ministério da Economia é o ministério
de Paulo Guedes e não Paulo Guedes é o ministro da Economia. A pessoalizar faz
com que a pessoa seja a responsável tanto pelo fracasso quanto pelo sucesso da
instituição. Se Bolsonaro falhar, a culpa é dele e não da ideologia da direita.
Ao analisar os
resultados do Datafolha para os ministros, é possível ter uma idéia maior que o
descontentamento é exclusivamente com Bolsonaro. Entre os ministros, Sérgio Moro
é aquele que possui a maior aprovação com 59%. Valor superior ao do próprio
presidente. O antigo juiz da Lava Jato goza de enorme prestígio com a população
e sempre é cotado para ser candidato à presidência futuramente. Sérgio Moro
chegou ao ministério com popularidade maior do que a do próprio presidente. A
pesquisa do Datafolha apenas confirma o seu papel central no governo.
Outro agente importante
a ser considerado na equação é João Doria, governador de São Paulo. Por
enquanto, não foi realizada nenhuma pesquisa para medir a aprovação do governador.
Sua aprovação será muito importante para saber como será o caminho da esquerda
até 2022.
Entretanto, mesmo que
João Doria e Sérgio Moro tenham suas aprovações deterioradas futuramente, é
essencial que a esquerda faça seu dever de casa. A oposição ao atual governo
tem ocorrido por fatores internos de desarticulação do PSL. Recentemente, o
líder do governo na Câmara, o criticado Major Vitor Hugo, criticou o líder do
partido, o Delegado Waldir, pela falta de empenho para a aprovação da reforma
da Previdência.
Se a oposição estivesse
um pouco mais articulada, é possível acreditar que a aprovação do governo
Bolsonaro estaria menor.
Bem escrito. O governo Bolsonaro só cairá apenas por si mesmo.
ResponderExcluirO presidente Bolsonaro precisa urgentemente cortar as relações com o Olavo de Carvalho se não quiser passar por um processo de impeachment. E caso isso ocorra, ele cairá na primeira oportunidade.