sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A maldade com Jair Bolsonaro


É maldade o que Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni e Gustavo Bebianno estão fazendo com Jair Bolsonaro. Internado desde o dia 27 de janeiro para a retirada da bolsa de colostomia colocada por conta da facada recebida em setembro, o estado de saúde do presidente desperta preocupação. A princípio, Bolsonaro deveria ficar apenas dois dias internado após a cirurgia, porém, o estado de saúde complicou e ele entrará na terceira semana de internação.

Nos últimos dias, Jair Bolsonaro foi diagnosticado com pneumonia, um quadro incomum segundo especialistas consultados pela reportagem do jornal O Globo. Por conta da pneumonia, o presidente precisará prolongar a sua internação e manter o repouso, deixando o país praticamente sem governo.

Naturalmente, aquele que deveria assumir a presidência na impossibilidade do presidente ocupar o seu cargo é o vice, o general Hamilton Mourão. Entretanto, apesar de ser o caminho natural, Mourão não assumiu o cargo e Bolsonaro continua despachando e governando, pelo menos aparentemente, o país de um leito hospitalar. Contrariando recomendações médicas de não usar o celular, Bolsonaro se vê praticamente obrigado a colocar sua saúde em risco por conta de caprichos de seus filhos e de Bebianno e Lorenzoni.

Aparentemente, o grupo que força Bolsonaro a trabalhar e brinca com a saúde do presidente e com a governabilidade do país o faz por simples ciúmes e temor da crescente popularidade do general Mourão.

O general Mourão caiu nas graças da imprensa e do povo com seu jeito carioca. O vice possui fala moderada, mostrou simpatia com Lula, acenou para aqueles que defendem o aborto, trata a imprensa com respeito e mostra maior preparo do que o próprio presidente, uma antítese ao discurso Jair Bolsonaro. Recentemente, Mourão recebeu representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para uma audiência sobre a reforma da previdência, algo que Bolsonaro possivelmente jamais iria fazer por ter resistência do presidente. Mourão apenas fez aquilo que um presidente deve fazer: dialogar com todos, pois é o governante de todos.

Com todos os predicados, destoantes de Jair Bolsonaro, e com o vácuo deixado pela ausência do presidente, Mourão ocupou o seu espaço. Um possível racha no governo é especulado, principalmente pelas atitudes dos filhos de Bolsonaro.

Recentemente, Steve Bannon criticou Mourão dizendo que o vice é inútil e desagradável. Entretanto, a fala de Bannon expõe que há de fato um incômodo com Mourão. Como Steve Bannon saberia de todos os acontecimentos do governo sem saber falar português ou pronunciar apropriadamente o nome do general? É possível acreditar que Eduardo Bolsonaro, escolhido por Bannon para liderar “O Movimento” no Brasil, esteja passando seus descontentamentos com Mourão para o americano.

Enquanto isso, o general, por sua vez, respondeu as críticas dizendo em tom bem humorado “eu sou um cara legal, pô”. Em seguida, disse não iria entrar em atrito com Bannon e desejou um feliz 2019 para Olavo de Carvalho que também elevou o tom contra o general recentemente.

As especulações de racha dentro do governam poderiam ser encerradas se Mourão assumisse provisoriamente o governo enquanto Bolsonaro está internado. Entretanto, mesmo com o estado de saúde preocupante do presidente, o vice não assume. A ausência de qualquer justificativa para o impedimento de Mourão assumir o cargo que naturalmente deveria ocupar só levantam mais especulação e certezas.

Obrigar uma pessoa a trabalhar nas condições que Bolsonaro está só para evitar o aumento de popularidade e consolidação do natural sucessor como alguém mais preparado é cruel. Se há tanto ciúmes pela forma como Mourão age e pensa, basta Bolsonaro e seus filhos pensarem e agirem igual ao general. Se Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni e Gustavo Bebianno continuarem tratando Bolsonaro da forma como estão fazendo, o general Mourão irá assumir a presidência da república eles querendo ou não, pois não será mais uma questão de escolha, mas sim uma questão natural da vida.



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