É maldade o que Flávio
Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni e Gustavo Bebianno
estão fazendo com Jair Bolsonaro. Internado desde o dia 27 de janeiro para a
retirada da bolsa de colostomia colocada por conta da facada recebida em
setembro, o estado de saúde do presidente desperta preocupação. A princípio,
Bolsonaro deveria ficar apenas dois dias internado após a cirurgia, porém, o
estado de saúde complicou e ele entrará na terceira semana de internação.
Nos últimos dias, Jair
Bolsonaro foi diagnosticado com pneumonia, um quadro incomum segundo
especialistas consultados pela reportagem do jornal O Globo. Por conta da
pneumonia, o presidente precisará prolongar a sua internação e manter o repouso,
deixando o país praticamente sem governo.
Naturalmente, aquele
que deveria assumir a presidência na impossibilidade do presidente ocupar o seu
cargo é o vice, o general Hamilton Mourão. Entretanto, apesar de ser o caminho
natural, Mourão não assumiu o cargo e Bolsonaro continua despachando e
governando, pelo menos aparentemente, o país de um leito hospitalar.
Contrariando recomendações médicas de não usar o celular, Bolsonaro se vê
praticamente obrigado a colocar sua saúde em risco por conta de caprichos de
seus filhos e de Bebianno e Lorenzoni.
Aparentemente, o grupo
que força Bolsonaro a trabalhar e brinca com a saúde do presidente e com a
governabilidade do país o faz por simples ciúmes e temor da crescente
popularidade do general Mourão.
O general Mourão caiu
nas graças da imprensa e do povo com seu jeito carioca. O vice possui fala
moderada, mostrou simpatia com Lula, acenou para aqueles que defendem o aborto,
trata a imprensa com respeito e mostra maior preparo do que o próprio
presidente, uma antítese ao discurso Jair Bolsonaro. Recentemente, Mourão
recebeu representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para uma
audiência sobre a reforma da previdência, algo que Bolsonaro possivelmente
jamais iria fazer por ter resistência do presidente. Mourão apenas fez aquilo
que um presidente deve fazer: dialogar com todos, pois é o governante de todos.
Com todos os predicados,
destoantes de Jair Bolsonaro, e com o vácuo deixado pela ausência do
presidente, Mourão ocupou o seu espaço. Um possível racha no governo é
especulado, principalmente pelas atitudes dos filhos de Bolsonaro.
Recentemente, Steve
Bannon criticou Mourão dizendo que o vice é inútil e desagradável. Entretanto,
a fala de Bannon expõe que há de fato um incômodo com Mourão. Como Steve Bannon
saberia de todos os acontecimentos do governo sem saber falar português ou
pronunciar apropriadamente o nome do general? É possível acreditar que Eduardo
Bolsonaro, escolhido por Bannon para liderar “O Movimento” no Brasil, esteja
passando seus descontentamentos com Mourão para o americano.
Enquanto isso, o
general, por sua vez, respondeu as críticas dizendo em tom bem humorado “eu sou
um cara legal, pô”. Em seguida, disse não iria entrar em atrito com Bannon e
desejou um feliz 2019 para Olavo de Carvalho que também elevou o tom contra o
general recentemente.
As especulações de
racha dentro do governam poderiam ser encerradas se Mourão assumisse
provisoriamente o governo enquanto Bolsonaro está internado. Entretanto, mesmo
com o estado de saúde preocupante do presidente, o vice não assume. A ausência
de qualquer justificativa para o impedimento de Mourão assumir o cargo que
naturalmente deveria ocupar só levantam mais especulação e certezas.
Obrigar uma pessoa a
trabalhar nas condições que Bolsonaro está só para evitar o aumento de popularidade
e consolidação do natural sucessor como alguém mais preparado é cruel. Se há
tanto ciúmes pela forma como Mourão age e pensa, basta Bolsonaro e seus filhos
pensarem e agirem igual ao general. Se Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro,
Eduardo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni e Gustavo Bebianno continuarem tratando
Bolsonaro da forma como estão fazendo, o general Mourão irá assumir a presidência
da república eles querendo ou não, pois não será mais uma questão de escolha,
mas sim uma questão natural da vida.
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